sábado, 21 de maio de 2016

RELATÓRIOS DE ESTÁGIO EM GESTÃO EDUCACIONAL.
Introdução.
Realizar estágio em Gestão Educacional é imprescindível para um futuro pedagogo, nada melhor que vivenciar isso no dia a dia de quem coordena uma instituição de ensino e perceber como é realizado na pratica. O objetivo é esclarecer as diferenças entre teoria e prática. Os relatos que serão feitos, busca sistematizar as aprendizagens obtidas e exposto na disciplina de Estágio Supervisionado.
É importante ressaltar que a prática de estágio e de suma importância, pois aqui estarão relatados todas as impressões e reflexões que o estagio proporcionou. Tendo em vista que o estágio realizado na instituição EMPAGR, quem assume a gestão a noite é uma Articuladora, a mesma realiza o trabalho que a Vice- Diretora exercia, o que diferencia é somente o salário, pois o trabalho é igual.
Durante as observações, percebe-se a necessidade de outros profissionais estarem na escola no período noturno para ajudar a Articuladora em suas atividades pessoas para auxiliar a mesma em suas atividades. Tal profissional realiza várias funções, atender a secretária, fazer matricula de alunos, orientar planejamentos de professores, solucionar problemas em sala de aula, conversar com alunos, atender a comunidade, resolver problemas de falta de professores, entre outros. As reflexões serão feitas sobre a desvalorização profissional
OBSERVAÇÕES
Observação 03/03/216
 O Estágio realizado em instituição EMPAGR, foi um momento de aprendizado e reflexão sobre a valorização profissional do Pedagogo. No local quem realiza o trabalho da gestão e coordenação é uma Articuladora, a mesma recebe menos por isso, mas também comenta: “gosto do que faço e realizo com muito prazer, sou formada em Pedagogia, mas no papel não sou pedagogo e sim Articuladora, o que me deixa um pouco triste é porque os governos não estão valorizando os profissionais da educação, mesmo assim dou o melhor de mim e luto pelas melhorias na educação... quero mudar a situação dos alunos da EJA, me esforço por eles e isso é gratificante ver um idoso aprender ler e escrever e depois de outras conquistas, eles sempre agradecem... me sinto mais humana quando recebo tais declarações deles”. Referente a esta declaração, (SORATTO & HECKLER, 1999, p. 104) menciona:
Não significa que o trabalhador não sinta problema com o salário, mas sim que o prazer que deriva do trabalho ocupa um lugar afetivamente, a ponto do trabalhador esquecer momentaneamente dos seus problemas  concretos e mergulhar em encantos de uma função que o coloca como uma pessoa tão importante para o outro.

Neste primeiro momento foi uma conversa sobre a função da Articuladora na escola, também antes dos professores chegarem para receberem orientações, a mesma passou as regras para seguir como estagiário na instituição. Pois são ordens expressas do núcleo de educação.
Depois deste momento, foi iniciado a pesquisa ao Projeto Político Pedagógico da escola, o qual se encontra desatualizado, algumas questões foram respondidas oralmente pela articuladora, pois o mesmo está sendo atualizado. Percebe-se que houve muitas mudanças na escola, as quais ainda não constam no PPP.
Na sala da Pedagoga há pouco espaço, os mobiliários são conservados e organizados, a mesa sempre está limpa todos os papéis usados são guardados no final do expediente. À noite o trabalho da Articuladora acontece de forma diferenciada, quase não utiliza a sala da coordenação, a mesma fica o tempo todo andando pela escola solucionando problemas que surgem. No período noturno ela faz o trabalho da secretaria também, para escola funcionar bem foi preciso organizar um espaço na sala dos professores. Neste espaço os professores lancham e também é usada como sala de reuniões.
Partindo dessas informações a Articuladora também organiza o espaço físico da noite, a mesma reclama que há pouco espaço na escola, alguns materiais precisam ficar em armários nos corredores, ou sobre mesas. Como tem Farol do Saber na escola, lá ficam os livros e os alunos podem ter acesso para leitura. Para os alunos da EJA e PROJOVEM, o Farol fica aberto até as 19:00h.
Os documentos da escola ficam guardados e organizados por pastas e todos identificados nos devidos lugares. Quando retirados é preciso devolver no mesmo lugar, pois precisa estar tudo em ordem, pois cada turno tem uma pedagoga. Percebe-se um pequeno espaço e poucos armários para guardar materiais, muitos destes ficam nos armários das salas.
As fichas dos alunos da noite EJA e PROJOVEM, ficam são arquivados num armário que fica na sala de professores, para facilitar o trabalho da Articuladora.


2º observação 04/03/2016
Neste dia houve grande procura de matriculas para EJA, durante este momento a Articuladora explicava as normas da escola e fazendo uma anmenese do aluno, dialogando com eles sobre o retorno para escola. Durante está conversa relatam que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos, e muitos deles precisam voltar para sala de aula, pois precisam manter seu emprego.
Neste dia iniciavam na escola novos alunos, e alguns saíram da sala para fumar. Apesar de terem recebidos orientações das normas da EJA, foi preciso falar novamente com eles, com todo cuidado na maneira de fazer a abordagem, porque eles são pessoas com autoestima baixa e podem não retornar para escola.
O trabalho da Articuladora é em conjunto com as Pedagogas no Núcleo de Educação de Curitiba da regional Bairro Novo e COPEJA (Coordenadoria de Políticas Educacionais para Jovens e Adultos), as quais estão passam na escola duas vezes por semana para verificar o trabalho da Articuladora, e passar orientações necessárias.
“As ações da EJA de todas as regionais, são coordenadas pela COPEJA, incentiva ações no sentido de aprimorar as condições de acesso e permanência dos estudantes na EJA” (Prefeitura Municipal de Curitiba)
Durante a observação a Articuladora explicou que é preciso falar com cuidado com alunos da EJA, pois na escola a turma é somente adultos e idosos, essas pessoas são sensíveis, pois sentem-se excluídos e eles precisam ficar na escola, para orientar o trabalho com EJA é preciso conhecer a cultura dessas pessoas que estão voltando para sala de aula.  
Compreender o perfil do educando da Educação de Jovens e Adultos (EJA) requer conhecer a sua história, cultura e costumes, entendendo-o como um sujeito com diferentes experiências de vida e que em algum momento afastou-se da escola devido a fatores sociais, econômicos, políticos e/ou culturais. Entre esses fatores, destacam-se: o ingresso prematuro no mundo do trabalho, a evasão ou a repetência escolar. (PARANÁ, s/d, p. 29)
Também neste dia a Articuladora atendeu as Pedagogas da COPEJA e do Núcleo Regional Bairro Novo, elas sempre passam para passar orientações das turmas do PROJOVEM, EJA e sala de acolhimento. Neste dia em especial, elas passaram para trazer cesta básica para uma aluna do PROJOVEM, que passa por dificuldades financeiras em casa. A mesma relatou que no dia sua filha estava doente, mas ela trouxe para sala de acolhimento porque seria primeira refeição do dia. Depois deste momento elas realizaram uma reunião rápida sobre tal aluna, e decidiram arrecadar alimentos para montar uma cesta básica.

3º observação 07/03/2016
Nesta observação a Articuladora estava orientando um professor do PROJOVEM, sobre o planejamento o que deveria abordar, pois a escola ira fazer exposição dos trabalhos que os alunos desenvolvem no decorrer do curso, pois eles têm uma formação para conseguir um trabalho, e recebem ajuda de custo de governo federal e por isso não podem faltar. Neste dia uma aluna trouxe a criança para sala de acolhimento, porém estava de atestado e doente, então a Articuladora teve que conversar com ela e com o professor para justificar a falta, pois a criança não poderia ficar na sala de acolhimento para não adoecer as outras crianças.
As crianças da sala de acolhimento são filhos de pais que freqüentam EJA e PROJOVEM, e não tem com quem deixar seus filhos, dessa maneira é um incentivo para que os pais continuem os estudos. A sala não tem caráter de Educação Infantil, mas é trabalho acolhedor e lúdico para as crianças, associado ao educar e cuidar. Articuladora também orienta este trabalho com as crianças, a professora dessas crianças é chamada de acolhedora, concursada[1].
O trabalho da acolhedora também é supervisionado pela Articuladora, ela orienta sobre planejamentos, mesmo não sendo um CEI, o trabalho com essas crianças precisa ser de forma lúdica. Neste dia foi u dia muito corrido na escola a profissional não conseguiu fazer organização de materiais, então fui orientada a organizar, pois ela tinha que resolver problemas nas salas.
            Enquanto organizava os materiais também ajudava na entrega de materiais na sala do PROJOVEM.
4º observação 08/03/2016
            Neste dia como todos foram corridos no inicio do estágio, a Articuladora estava orientando planejamentos com a professora da EJA, e também resolvendo o pagamento de uma Acolhedora que estava com RIT atrasado, a mesma estava se recusando trabalhar até que seu pagamento fosse efetivado. Então ela precisou resolver quem poderia ficar no lugar da acolhedora, enquanto chegava alguém ela ficou com as crianças na sala do acolhimento.
            É preciso pensar rápido e agir para resolver o problema, então foi preciso organizar a escola para que as crianças do acolhimento não precisassem voltar para casa, dessa forma as mães também perderiam aula. Conforme aborda Luck (1998), é preciso entender que a motivação, ânimo e a satisfação não são responsabilidades exclusivas do gestor. É um trabalho em conjunto que exige a cooperação de todos, e quanto ao pagamento a funcionária deveria ter resolvido com RH da Prefeitura.
            Percebe-se, uma que a esta é função de Articuladora é um trabalho pedagógico, que envolve gestão, pois ela precisa pensar em questões administrativas e administrar as atividades pedagógicas da EJA e PROJOVEM. Porém, as tomadas de decisões são realizadas em conjuntos, mesmo a Pedagoga do núcleo regional não estar presente, elas se comunicam via telefone ou e-mail, para solucionar problemas quando surgem.
   5º observação 09/03/2016
            Neste dia a Articuladora estava organizando pedagogicamente o espaço onde será a sala que ira funcionar a turma de haitianos, pois a escola está toda ansiosa para esperar esses novos alunos, gerando polemica para alguns professores, pois acreditam que não será possível alfabetizá-los. A Articuladora é firme e neste sentido acredita que a educação é um direito deles, pois os mesmos precisam estar inseridos na sociedade sabendo falar o idioma do nosso país. Referindo-se sobre esta questão (LIBÂNEO, 2013, p.49):


A escola contemporânea precisa voltar-se para as novas realidades, ligar-se ao mundo econômico, político, cultural, mas precisa ser baluarte contra exclusão social. A luta contra exclusão social e por uma sociedade justa, uma sociedade que inclua todos, passa pela escola e pelo trabalho dos professores. Propõe-se, para essa escola, um currículo centrado na formação geral e continuada de sujeitos pensantes e críticos na preparação para uma sociedade técnica/cientifica/informacional, na formação para a cidadania critico-participativa e na formação ética.

            É uma realidade que está acontecendo a sociedade e a escola deve estar preparada para atender as novas demandas da educação. Dessa maneira garantindo que os processos de aprendizagem sejam significativos atendendo as especificidades da nova clientela presente em nossa sociedade, com o desafio de inovar a pratica pedagógica educativa.
            E neste dia houve atendimento a mãe de adolescente que procurava vaga, pois o filho era infrator e estava aos cuidados do conselho tutelar, o qual estava exigindo que o aluno retornasse à escola. A Articuladora então orientou a mãe sobre como funciona a turma da EJA, pois a turma nesta instituição é somente adultos e idosos, tal aluno poderia não se adaptar com a turma ela indicou outra escola na região que tem o perfil do aluno. Então a mesma entrou em contato e encaminhou a mãe. Na verdade, ela não queria o aluno com aquela turma pois os alunos já matriculados poderiam desistir se a sala fosse tumultuada, pois já tem alunos de inclusão, talvez um adolescente poderia atrapalhar o trabalho da professora.
            A articuladora é atenciosa esclarecendo dúvidas, conversa sempre com professores antes de entrarem em sala de aula, os alunos da EJA com dificuldades são atendidos com muito dialogo, pois eles têm precisam com pois a mesma não para sempre andando pela escola e atendendo as pedagogas da COPEJA, as mesmas estavam ali para resolver como seria a exposição das atividades realizadas pelo PROJOVEM.
6º observação 10/03/2016
            Nesta ultima observação teve reunião com a Pedagoga da Regional Bairro Novo e COPEJA, fui informada sobre as mudanças nos currículos para o ano 2016, os quais serão universalizados. Dessa forma, alunos que precisarem fazer transferência de escolas não prejudicados, pois todas as escolas de do município de Curitiba estarão trabalhando os mesmos conteúdos.
A finalidade da reunião era tomar decisões sobre a alfabetização de haitianos e a abertura de uma outra sala para EJA, porque a procura para tal modalidade está intensa, há um número razoável de pessoas na lista de espera. Participar da gestão de uma escola é um desafio, um dia não é igual ao outro a cada ano o perfil dos alunos mudam. Dessa maneira é preciso uma gestão que também acompanhe as transformações sociais, conforme aborda. Paro (2003), diz que as mudanças ocorridas na sociedade, afeta a vida social, política, econômica, são decorrentes as grandes transformações no mundo do trabalho, onde exige um novo perfil de trabalhadores e estes almejam melhores condições de vida.
             É importante que os professores sejam orientados sobre as diferentes culturas dos alunos, discutindo os valores. Aproveitando os aspectos culturais para analisar o que cada aluno traz para dentro da escola, o que está afetando o aprendizado e o que espera desse aluno. Aproveitando que a escola é um espaço, onde estão convivendo os mais diversos tipos de cultura, é isso que é proposto na gestão democrática, sem deixar alunos excluídos.
            Depois do término da reunião a Articuladora atendeu um aluno da EJA com necessidades especiais, pois o mesmo tem dislexia e apresenta muitas dificuldades na aprendizagem. Ela conversa com os alunos pois os mesmos precisam receber atenção para não desistir.
            Conclui que a Articuladora realiza o trabalho de gestão dentro da instituição, por exercer várias funções dentro de uma escola, a diferença está no salário e na desvalorização profissional. Pois na EJA, há uma Pedagoga para atender as todas as escolas com modalidade, as quais pertencem ao Núcleo Regional Bairro Novo. Também foi dia de agradecimentos, a escola sempre abriu as portas para vivenciar a prática e expandir meus conhecimentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.
            Posso concluir que realizei um estágio de maneira peculiar dos demais, pois ao presenciar o trabalho da Articuladora, refleti sobre a desvalorização profissional, o que sempre discutimos nas aulas de Formação Inicial e Continuada, sobre a desmotivação dos profissionais da educação. Percebe-se que além de não estar recebendo um salário digno, suas atribuições são as mesmas que um Pedagogo ou Diretor, pois no período noturno ela precisa exercer essas funções e outras.
            O presente estágio contribui para um enriquecimento acadêmico, pois somente vivenciando a prática pode se fazer uma reflexão sobre a como funciona escola, compreendendo que teoria e pratica precisam estar entrelaçadas. Para que o Pedagogo possa orientar o professor, ele precisa vivenciar na prática, testar conhecimentos para ver os acertos e corrigir os erros que surgirem, refletindo ações do cotidiano. Devido a poucas horas de estágio, não foi possível vivenciar muitas situações, mas o pouco senti que a escola precisa da participação de todos para que as transformações aconteçam e um trabalho.
 Finalizo o presente relatório com uma reflexão de Rubem Alves. Que escola queremos, gaiolas ou asas?
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo.
Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono.
Deixaram de ser pássaros.
 Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que elas amam são pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros.
O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
 Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo.
Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono.
Deixaram de ser pássaros.
Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados.
O que elas amam são pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar.
Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros.
 O vôo não pode ser ensinado.
Só pode ser encorajado.
Rubem Alves Rubem Alves

Algumas referências que embasaram os relatórios.
LIBANÊO, José, Uma escola para novos tempos. IN: LIBANÊO, J. Organização e Gestão da Escola. 6º edição- São Paulo: Heccus. 2013  43 a 57.

LIBANÊO, José, Pedagogia e pedagogos para que? 12. Ed. São Paulo, Cortez, 2010.

LUCK. H, A escola participativa: o trabalho do gestor escolar. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
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PARANÁ. Diretrizes curriculares para educação de jovens e adultos. In: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_eja.pdf, acesso em, 21/04/2016.
PARO, V.H. Gestão democrática na escola pública. São Paulo:Ática, 2003.
SORATTO, L. & Heckler Os trabalhadores e seu trabalho. In: CODO, W (Coord.). Educação: carinho e trabalho.  Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 89 – 105




[1] Cf; em www. cidadedoconhecimento.gov.br.

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